1905 Inicia-se como aprendiz, no estúdio Jorge Colaço.Aprendeu a pintar azulejo e ilustração. 1925 Colabora no SPORTSINHO (infantil), ESPETRO, RENOVAÇÃO e inicia a sua longa colaboração no DIÁRIO DE NOTÍCIAS.
1906 Surgem os 1ostrabalhos de Stuart nos jornais TIRO, SPORT e SÉCULO. 1926 Colabora no ILUSTRAÇÂO, NOTÍCIAS ILUSTRADAS e inicia a longa colaboração no SEMPRE FIXE.
1909

É caricaturista e palhaço no palácio Foz.

1927 Colabora no Magazine BERTRAND. Segundo Aquilino Ribeiro participa na primeira rebelião contra a ditadura.
1911 É director da revista republicana A SÁTIRA. 1928

Ganha o 2º prémio no concurso de capas de música, em Génova.

1912 Participa no 1º salão dos Humoristas. 1929

Ganha o 1º prémio em Sevilha, no concurso de capas de música.

1913

Em Paris publica no RUY BLAS, LE RIRE, PAGES FOLLES e LE SOURIRE.

Participa no 2º salão Humorista.

1930 Ganha o 3º prémio no concurso de cartazes para a semana da maternidade.Faz parte da redacção do Repórter X. Faz os cartazes para o filme Lisboa de Leitão de Barros.
1914 Colabora no jornal monárquico Papagaio Real. 1932 Reaparecem as histórias do QUIM E MANECAS, no Diário de Lisboa, Sempre Fixe e Diário de Notícias.Realiza a sua única exposição individual. Desenha os arcos da marcha de Benfica, nos Santos Populares.
1915

Realiza um Filme AVENTURA DE QUIM E MANECAS. Cria as histórias em banda desenhada do QUIM e MANECAS, no jornal o Século.

1933

Faz os cartazes das festas da cidade de Lisboa.

1916 Colabora no Jornal a LUCTA 1937 Ilustra LE PEUPLE PORTUGAIS ET SES CARACTERISTIQUES SOCIALES de Francisco Casa Nova.
1917 Recebe o 2º prémio no concurso de cartazes da companhia de seguros, A Glória Portuguesa. 1942 Inicia a colaboração no Diário Popular.
1919 Colabora no RISO DA VITÓRIA. 1945 Inicia colaboração nos RIDÍCULOS.
1920 Colabora no ABC. Participa no 3º salão dos Humoristas. 1949

O Júri do III Salão anual de Arte Moderna de Aguarela e Desenho concede-lhe o prémio Domingues Sequeira.

1921 Em colaboração com F. Valença faz os azulejos que decoram as escadas do Diário de Lisboa. É director do jornal ABC A RIR. 1953 Realiza oito postais ilustrados sobre OS TIPOS de LISBOA, para os CTT.
1922

Inicia colaboração com a editora Valentim de Carvalho.

1956 Participa numa exposição itinerante a bordo de um barco com rota para a Índia. Ilustra o livro de José Régio O FADO.
1923

Colabora no Batalha.

1959 Ilustra o livro VIA SINUOSA de Aquilino Ribeiro.
1924

Pinta um quadro para a decoração do café, A Brasileira do Chiado.

1961 A 22 de Fevereiro OS RIDÍCULOS publica a sua última colaboração.

Osvaldo de Sousa na introdução do seu livro Crónicas D'um Stuart, editado pelas Publicações Dom Quixote, apresenta um conjunto de depoimentos sobre o artista, saídos em vários jornais e revista, nos quais se faz uma caracterização da personalidade de Stuart Carvalhais como homem e como artista. São testemunhos daqueles que com ele conviveram e conheceram a sua genialidade e as suas fraquezas.

«Stuart caricatura, desenha, pinta, faz bonecos de graça ingénua e grimaces de impureza trágica, vai do bucólico à charge, da policromia gritante e matinal ao escuro e claro escuro dos becos e almas sem saída...» (Joaquim Manso, in Sempre Fixe, 23/6/1927)

«O caricaturista inexcedível dos tipos da rua. Carradas de talento e de areia. /.../ Divisa: Ó copos hic labor est.» (Francisco Valença, in Sempre Fixe, 23/6/1927)

«Não conheço, nem há em Portugal, e dificilmente se encontra lá fora, nos países da arte e dos estímulos, desenhador mais espontâneo e temperamento mais bizarro. /.../

Nenhum traço mais delicado, bravio e inconscientemente nobre.

Há nos desenhos de Stuart — nos seus grandes desenhos, dignos de galeria de museu, e de que os Museus desdenham, talvez por humildade — tudo o que faria um artista de raça eleita. A fidelidade, a ternura, a graça caricatural sem exagero, ora a delicadeza, ora a desgraça, ora o vício, ora a imaculada frescura dos petizes — o talho esbelto.» (Norberto de Araújo, in Sempre Fixe, 23/6/1927)

«De dia — uma «pochade» de Malhoa. De noite — um «carvão» de Gavarni, de Forain ou do nosso próprio Stuart Carvalhais — artistas do lápis, artistas das manchas sombrias, dos esboços confusos, de todo esse desenho admirável feito de impressões rápidas, sem linhas definidas, sem contornos marcados e onde existe e vive mais do que a forma, a alma dos seres...» (Armando Boaventura, in Diário de Noticias, 21/8/1930)

«O génio espontâneo e flagrante dos seus bonecos ofereceu-o ele sempre a Lisboa. Os gatos, as varinas, as lindas pernas de costureiras, as janelas, as quelhas e escadinhas, os arcos, os candeeiros, os garotos, os pobres de pedir dos nossos dias, Stuart os imortalizou e à sua geração os ofereceu com um sorriso modesto.» (Leitão de Barros, in Corvos)

«Com um lápis ou um pincel na mão faz verdadeiros prodígios — e quase se ofende se alguém lho diz. Despreocupado de toilette, farripas de cabelo ao vento, eterno boémio sempre com o ar de quem perdeu a noite.» (Luís O. Guimarães, in República,13/12/1960).

«A sua arte não tem período não tem escolas, não tem ascendentes nem descendentes, não tem data nem influências...» (Leitão de Barros, in Álbum)

«Mal empregado Stuart! Num meio sem carácter, com diminutíssima cultura, sem um estratificado social apreciador da beleza artística, não podia encontrar, já não digo galardão, mas incentivo condigno, o seu lápis tão singular, filho de uma genialidade nata.» (Aquilino Ribeiro, in Stuart e os seus Bonecos)

«Stuart é um dos mais fecundos artistas de todo o mundo e, provavelmente, nenhum poderá orgulhar-se de ter trabalhado para a imprensa durante tantos anos. Se essa mesma imprensa tivesse em Portugal, o mínimo de condições de que todo o artista necessita para criar, Stuart seria hoje o primeiro desenhador humorístico mundial.» (Armando Paulouro, in Stuart e os seus Bonecos)

«Viveu com os simples na sua intimidade e transmitiu-nos deles o melhor do seu carácter.» (Alfredo Marques, in Diário Popular, 22/9/1969)

«Stuart ironizou muitas classes e quase todas as profissões, mas o melhor da sua obra não está nas cenas domésticas dos pequenos burgueses, ou no comentário jocoso que o dia a dia lhe impunha para venda imediata, e impressão na primeira página. Nos trabalhos de sentido mais profundo, ressalta a fidelidade ao meio de que, infelizmente, não sabia libertar-se: bêbados, prostitutas, boémios, maltrapilhos e, aqui e além, envolvidos na mesma ternura, as crianças, os gatos e as figuras mais típicas dos nossos velhos bairros lisboetas.» (Rolando Moisão, in A Anatomia Artística nos desenhos de Stuart, 1965)

«Stuart não descia ao povo, como fazem muitos artistas: vivia o povo. As ruas que apareciam nos seus bonecos não resultavam de qualquer ficção; o desenhador percorria-as e nelas via as varinas, as prostitutas, os bêbados, os gatos...» (Pedro Raphael, in Vida Mundial, 26/3/1971)

«Um instinto genial.» (Abel Manta, in Vida Mundial, 26/3/1971)

«O inconfundível comentarista da vida lisboeta, que foi o desenhador Stuart Carvalhais, esse encarnou o homem da rua, simples e sagaz, observador e malicioso, de ânimo porventura amargo, de índole talvez dramático, a viver ao deus-dará, ora pitoresco, ora enternecido, que à mesa da taberna, como em qualquer outra assembleia de parceiros, se compraz dissertar sobre o que o Mundo lhe oferece de risonho ou triste ...» (Manuel Mendes, in Diário de Lisboa, 26/6/1978)

«Stuart não precisava de técnica, ele próprio era técnica. Enquanto que os outros precisam de instrumentos específicos como o lápis, pincel, tinta, para Stuart tudo servia, ele era criação. Não era um intelectual e não precisava de se inspirar nas obras e estilos dos grandes artistas estrangeiros, como aconteceu a todos os seus contemporâneos, porque para Stuart bastava a vida.» (Hein Semke, 1980)

Homem que viveu para a vida e para a arte.

O seu estilo de vida descontraído sem qualquer interesse por bens materiais não lhe facilitavam o seu lado boémio.

Stuart era um bom observador e com o seu espírito crítico e intolerante para com a sociedade e a política, iniciou-se como caricaturista humorista e político. Criticava à sua maneira políticos de direita ou de esquerda, desenhando no seu traço livre, rápido e sem regras mas com verdade e rigor, era um modernista.

Este artista esteve alguns anos em Paris, onde a sua obra foi entendida e valorizada. Mas a sua alma pertencia a Lisboa e por isso regressou.

Após 1933, no período do Estado Novo, as suas críticas eram de cariz social.

As bebedeiras, a vida nocturna, a prostituição, a vida nos becos e vielas escondidos e as varinas são alguns dos temas que Stuart utilizava nas sua obras. O conhecimento destes temas devem-se ao meio que frequentava na sua vida boémia.

Lisboa foi retratada no seu dia-a-dia com a sua gente por Stuart.

Utilizava todo o tipo de material, fósforos, vinho, carvão, guardanapos, papéis velhos para retratar qualquer situação gracejar ou criticar.

Ganhou vários prémios, mas as instituições de arte nunca o reconheceram.

«...à cidade, como amante querido, sacrificou a glória da sua arte.» in O Século

Morreu no dia 2 de Março de 1961.